18 de setembro de 2008

O veto presidencial

A teoria da conspiração: coexistem duas alianças de poder no quadro político nacional.

Escrevi, neste meu blog, 28 de Junho de 2008, o seguinte: «o comício do Teatro da Trindade anexou bloquistas, socialistas e comunistas renovadores foi jogada de bastidores do Partido-Socialista». Posteriormente, a 10 de Julho de 2008, acrescentei: «o Partido Social-democrata está condenado à oposição comodista assente na teoria: estando o PSD na linha de Belém, dificilmente, o governo vê promulgados devaneios eleitoralistas. O “Bloco Central”perfilha a intenção da “velha fidalguia intelectual” rumar ao poder. Privados – só há diálogo na existência de lugares comuns – andam por ai, adulando uns, enganando outros, na fugaz tentativa da hegemonia, a reboque, típica do melhor partidarismo».
A «Nova Esquerda» – espaço político romântico, aberto, sensível – é transversal a toda a «Esquerda». A «Nova Esquerda» é o bloquista buliçoso, o comunista renovador e o socialista delicado. Há, portanto, uma área política de convivência comum, a qual, significativa massa adepta da «Esquerda» frequenta. O decreto-lei relativo ao divórcio litigioso, aprovado por toda a «Esquerda Parlamentar», é a constatação disso mesmo. Existe, de facto, uma aliança de poder à «Esquerda» alicerçada pelo intensificar de movimentos marginais.
Arnold toynbee esclarece: «a continuidade ocorre por respostas fornecidas a desafios constantes». Explicita: «as respostas, adequadas ou não, surgem no sentido de garantir a continuidade». A política é balancear de pesos e contra pesos. A aliança de poder à «Direita» estabelece o harmonizar de contrários garantindo, assim, o equilíbrio do quadro político nacional. Elucido: o PSD interpreta, apaixonadamente, o tradicional silêncio cavaquista. Cavaco Silva, naturalmente comovido, interfere nos projectos da «Esquerda» utilizando, abusivamente, os poderes constitucionais de que dispõe. O veto político, ao decreto-lei sobre o divórcio litigioso, afigura a reconstituição da «Direita conservadora», típica do melhor cavaquismo, a qual, Manuela Ferreira Leite reitera.
Importa referir, o entendimento de Adelino Maltez, sobre a matéria em análise: «O que me parece é que o veto reflecte um confronto de concepções do mundo e da vida. Pela primeira vez um Presidente da República "tem um intervencionismo moral”. Há equilíbrios difíceis de gerir a um ano de todas as eleições».
Assiste-se ao renascer do país modesto e rural, «orgulhosamente só», católico, com a chancela de Belém.

Jornal da Mealhada
André Manuel Vaz