9 de maio de 2009

Duas ou três Brancas de Neve, o resto, ainda que pintados de cor semelhante, são anões senhor presidente, nada mais.




Começo, não me permitia o contrário, por agradecer ao meu querido amigo e confidente Diogo Santos, que muito estimo e admiro, o convite, que por amabilidade e reconhecimento me dirigiu, no sentido de integrar a lista candidata ao Núcleo de Ciência Política do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas. Convite, que por decência e autonomia intelectual, recusei, ou melhor, fui obrigado a recusar.
Esta é, não mais, em tom de monólogo partilhado, a reflexão que estabeleço comigo próprio – se me é permitida a redundância, acerca da minha recusa. Devo e quero tornar públicas as razão que estão na sua base para que, de futuro, a integridade não se confunda com traição.
A lista para a qual foi convidado, tal como está, reúne dois ou três elementos esclarecidos – no seguimento do pensamento de Kant «homens capazes de caminhar pelos próprios pés», a que se juntam, por conveniência do esclarecimento de dois ou três, meia dúzia de «figurantes de telenovela» que mais não fazem senão repetir, vezes sem conta: «Yes Mr President».
Perceba senhor presidente: eu remeto-me à minha redoma porque nela sou livre de pensar sem as «amarras do sistema». Nela, discuto, ainda que comigo mesmo, ideias e não lugares. Desfruto, em conforto, da elegância da razão. Recuso ser útil pela natural inutilidade de quem vos acompanha. Corrijo: de quem vos é conveniente fazer-se acompanhar. Sabe senhor presidente: eu, ao contrário da prática de dois ou três ditadores esclarecidos, não entendo aqueles que não são por mim como sendo contra mim. Eu, por convicção, não reprimo a diferença nem me faço valer de «jogos de corredor». Entenda senhor presidente: eu prefiro o debate com os mais capazes ao consenso dos mais amigos. São estas as diferenças de percepção da vida e do mundo que nos separam.
Ainda que relutante, perceba senhor presidente: eu vergo-me à razão mas jamais ao capricho.

Duas Notas.
Primeira: Quando Nuno Pereira sair da presidência do Núcleo de Ciência Política que o faça com consciência que o seu trabalho e dedicação produziram frutos. Que a sua conduta de esforço e empenho inspire quem depois dele vier.
Segunda: Decorreram, dentro do espírito democrático, as eleições para o Núcleo de Estudantes de Relações Internacionais do já referido instituto. Os alunos votaram em conformidade com a sua vontade. Discutiram-se ideias e propostas num debate anterior ao acto eleitoral que opôs as duas listas candidatas. Percebe-se, com clareza, a importância de programas eleitorais discutidos e não encomendados. São estas manifestações, de respeito pela diferença, que tornam o NERI, por tradição, mais competente, democrático e tolerante que o NCP. Uma verdade inconveniente.

André Manuel Vaz