20 de junho de 2008

Globalização e complexidade

Pensar a globalização é compreender teilhard de chardin. A globalização entendida como processo de aproximação planetária onde proliferam pontos de contacto comuns é tida como co-responsável no surgimento da cultura de massas. Potenciou, mais ou menos explicitamente, a interdependência mundial, o aprofundar das relações entre pessoas e Estados bem como a intensificação dos mercados internacionais.
Padre e filósofo, chardin, presta um interessante contributo à compreensão do fenómeno. A base explicativa da sua teoria prende-se com o entendimento das noções de “convergência”, “divergência” e “emergência”.
A convergência traduz-se na marcha para a unidade do mundo e no aparecimento de blocos de interesses e influência. A União Europeia constituiu-se com base nesses pontos de contacto comuns assumindo-se como um dos blocos de influência mais marcantes do século 20.
A divergência manifesta-se com a multiplicação dos centros decisórios. No aparecimento de poderes erráticos e infra estaduais. No surgimento de novos Estados e no despertar de movimentos contra hegemónicos. Os diferentes grupos de pressão, conhecidos sobre a forma de “lobbys”, apresentam-se como uma alternativa da influência sobre o poder legislativo em favor de interesses tidos como privados.
A emergência constitui-se, assim, como um estado mais complexo de entendimento, de uma dada realidade, não pela síntese de diferentes convergências e divergências mas pela sua superação.
Assim, nas relações internacionais, há, em cada momento, sinais de convergência e de divergência e concludentemente novas emergências. Ao mesmo tempo que as relações multilaterais e de dependência se impõem surgem novos actores nas relações internacionais num contínuo processo de equilíbrio e desequilíbrio do quadro internacional.
Neste sentido considera-se a globalização uma “filha legítima” resultante do intensificar de estados de entendimento e da sua consequente superação em realidades mais complexas.
A propósito, José Adelino Maltez, propõe, a fim de reflexão, o conceito de “medo global”. A dada altura o Homem apercebe-se da existência de inimigos comuns contra os quais, cada um de nós, sozinho, nada pode fazer. São eles, a título de exemplo, o aquecimento global, o efeito estufa, a desertificação, a poluição e o degelo. Com base neste novo sentimento de consciência global, trazido pela ideia de “medo global”, assistiu-se ao acelerar dos processos de Mundialização.
Na tentativa de compreender os futuros efeitos da globalização vamos proceder de uma forma bem portuguesa: encontrar culpados e equacionar cúmplices. Culpa-se a revolução tecnológica, a massificação dos meios de comunicação e o efeito aldeia global aliados ao jogo especulativo, ao capitalismo selvagem, aos interesses privados e aos monopólios de influência.
Não temos, a modéstia, de considerar a globalização o reflexo da complexificação do homem enquanto ser que racionalmente existe e, que por existir, teme.
É esse o contributo dado por teilhard de chardin e Adelino Maltez.

André Manuel Vaz