20 de junho de 2008

Que Intervencionismo de Estado?

«A democracia vai morrendo» Vasco Pulido Valente
Sequela do “ânimo leve”, do “corriqueiro racionalista” e da “convicção casmurra”, aliás, bem portuguesa, apresentamo-nos, face à sociedade e ao mundo, visivelmente bem domesticados. É a moda do “Der Ser”, do “Dever Pensar” e do “Dever Agir” desta Comunidade Europeia dicotómica entre o relativismo galopante e o «orgulhosamente sós» do nosso “querido amigo”. É o “Dever Ser” que nos impede fumar em locais públicos. O “Dever Pensar” alerta para a necessidade da preservação da saúde pública e dos “coitadinhos” dos fumadores passivos. O “Dever agir” obriga a frequentar “guetos” para quem desfruta do vício ou, sabe-se lá, do prazer do cigarro.
O “rebanho”, a massa social e o cidadão comum vão ao leme deste entendimento. Numa primeira abordagem à questão, também eu, confesso, integrei o “rebanho” dos que defendem, em nome seja lá do que for, um intervencionismo de Estado radical, tirano, pesado e intransigente. Docilmente fascista, suavemente totalitário, brandamente ditatorial e meigamente repressivo. Pensar assim é não entender o dilema. Este intervencionismo atroz toma conta do Individuo, da sua liberdade individual e da singularidade como pessoa. O Estado tal como a Europa têm vindo a “comer” o Individuo.
Uma Europa apostada na uniformização de processos e que vai na “onda” da globalização desmedida. Onde prolifera a tolerância acéfala, saudável, permissiva, moderada e vazia em si mesmo. Uma Europa que não tolera nem atende, aos restos, de uma “burguesia” enfatizada. Pomposa, culta, excêntrica, elitista, e intensamente crítica, que, não alinhando nem com os “cardumes” nem com as “manadas” de opinião, vai entendendo o dilema. Vai entendendo, que a tal ânsia desmesurada, na marcha para a unidade de Europa, colide, com uma sociedade heterogénea, diferenciada e que a sua riqueza, está, na existência de diferentes especificidades culturais, que, mais ou menos harmonicamente, convivem entre si. Num mundo de multiplicação e divisão, dos centros decisórios, a Europa quer, loucamente, reunir-se.
É o desejo Quimérico da sociedade perfeita e igualitária. É a diferenciação prepotente, tipicamente Ocidental, de uns melhores do que outros. É a ilusão do “espaço vital” hitleriano.
A democracia vaia-se esgotando com o estreitar dos direitos individuais.

André Manuel Vaz